O determinismo
biológico
Para um
estudante do Curso de Letras (principalmente para os que se interessam pela
área da Linguística), sabe-se que, conforme prega Noam Chomsky, que o ser
humano é dotado de capacidades inatas - teoria proveniente do gerativismo -, ou
seja, nascemos dotados da capacidade de aprender, contudo, o que é apre(e)ndido
dependerá do meio em que formos inseridos.
Essa tese se aplica à linguagem.
No campo de outras
capacidades, Roque de B. Laraia segue o mesmo tipo de conhecimento e tenta
desfazer um equívoco de algumas velhas teorias que atribuem qualidades
específicas a determinadas raças:
Muita gente ainda acredita que os nórdicos são mais inteligentes do que
os negros; que os alemães têm mais habilidade para a mecânica; que os judeus
são avarentos e negociantes; que os norte-americanos são empreendedores e
interesseiros; que os portugueses são muito trabalhadores e poucos
inteligentes; que os japoneses são trabalhadores, traiçoeiros e cruéis; que os
ciganos são nômades por instinto, e, finalmente, que os brasileiros herdaram a
preguiça dos negros, a imprevidência dos índios e a luxúria dos portugueses.
(p. 17)
Para Félix Keesing, Apud Laraia, “não existe correlação
significativa entre a distribuição dos caracteres genéticos e a distribuição
dos comportamentos culturais”. Pois, se uma criança de origem e genética japonesa,
por exemplo, for levada para o Rio de Janeiro, crescerá, normalmente, como uma
pessoa tipicamente carioca.
É incrível que apenas em 1950,
antropólogos, geneticistas, entre outros especialistas, vieram constatar:
Os dados
científicos de que dispomos atualmente não confirmam a teoria segundo a qual as
diferenças genéticas hereditárias constituiriam um fator de importância
primordial entre as causas das diferenças que se manifestam entre as culturas e
as obras das civilizações dos diversos povos ou grupos étnicos. Eles nos
informam, pelo contrário, que essas diferenças se explicam antes de tudo pela
história cultural de grupo. (p. 18)
Por fim, para o autor, os
fatores biológicos não determinam as características das raças, e sim, o
aprendizado associado a uma determinada cultura é o que induz o comportamento
humano.
O determinismo
geográfico
No capítulo seguinte, Laraia aborda o
determinismo geográfico, cujo fator principal é a consideração de que “as
diferenças do ambiente físico condicionam a diversidade cultural”(p.21). Até
certo ponto, particularmente, acredito que os aspectos geográficos contribuem
para a característica de determinadas sociedades, mas, de maneira minoritária.
Ainda segundo alguns
pesquisadores, aponta Laraia, a relação entre a latitude e os centros das
civilizações pode influir na dinâmica do progresso da civilização. Contudo,
essa tese é posta abaixo quando se comprovam a existência de povos distintos
morando em regiões semelhantes em que são culturalmente diferentes.
Assim,
As
diferenças existentes entre os homens, portanto, não podem ser explicadas em
termos das limitações que lhes são impostas pelo seu aparato biológico ou pelo
seu meio ambiente. A grande qualidade da espécie humana foi a de romper com
suas próprias limitações: um animal frágil, provido de insignificante força
física, dominou toda a natureza e se transformou no mais temível dos
predadores. Sem asas dominou os ares; sem guelras ou membranas próprias
conquistou os mares. (p. 24)
Por fim, essas conquistas só
foram possíveis, segundo Laraia, por que o homem é o único ser vivo que possui
cultura.
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